Condição neurobiológica
Algumas pesquisas procuram relacionar a atividade da enzima MonoAminaOxidase (MAO) plaquetária diminuída com uma baixa capacidade de controle dos impulsos. Níveis baixos do neurotransmissor serotonina também foram relacionados a alguns comportamentos complicados, como por exemplo o suicida, piromaníaco, agressivo e cruel.
Na área dos transtornos explosivos e agressivos, recentes investigações sugerem que o aumento de serotonina pode moderar brilhantemente o caráter impulsivo e irritável nas pessoas agressivas. Por outro lado, enquanto pode haver déficit de serotonina nas pessoas agressivas, outros neurotransmissores, como a dopamina e a noradrenalina, podem estar aumentados. Portanto, há tempos já se sabe que o Transtorno de Déficit de Atenção por Hiperatividade se associa com disfunção da dopamina nos circuitos frontal-estriados e anomalias no sistema da serotonina se associam com a conduta agressiva.
As estruturas límbicas e os lobos frontal e temporal são os centros onde se situam as áreas relacionadas à expressão da agressividade. Comparando-se a ativação lobo frontal do hemisfério direito com lobo frontal do hemisfério esquerdo, descobre-se que em meninas de 4 e 8 anos com Transtorno de Oposição na Infância (veja no CID.10 e no DSM.IV) há uma maior atividade frontal direita, mas os meninos, também com Transtorno de Oposição na Infância, não mostraram esta assimetria. Também não apresentam assimetria e nem predomina a atividade frontal esquerda as meninas sadias. Os meninos sadios, por sua vez, têm uma maior atividade frontal direita (para medir atividade do lobo frontal usa-se o Spect).
Alguns autores (DeLacoste, Horvath e Woodwarde, 1991) sugerem que a testosterona no útero promove o crescimento do hemisfério direito em meninos, e que o estresse pré-natal materno poderia interferir neste padrão fazendo que se desenvolva mais o hemisfério esquerdo que o direito em homens, favorecendo condutas agressivas (temperamento).
Mas nem por causa dessas observações as assimetrias no córtex frontal implicam direta e obrigatoriamente numa categoria diagnóstica, elas apenas podem refletir um estilo afetivo característico e uma vulnerabilidade para alguns transtornos emocionais (Baving, Laucht e Schmidt, 2000).
Outra novidade nessa área de pesquisa é a relação dos Movimentos Gerais do bebê e a disposição para desenvolver algum transtorno neurológico, do tipo Transtorno de Atenção com Hiperatividade ou alguma outra conduta agressiva (Hadder-Algra e Groothuis, 1999). No período que vai da concepção até 3 a 4 meses de vida, o bebê realiza Movimentos Gerais característicos que se dividem em três fases: "preterm", "writhing" e "fidgety". Tem-se visto que uma fase "fidgety" (inquietação, intranqüilidade) medianamente anormal, no sentido da falta de fluidez nos movimentos, é preditiva de problemas de conduta em idade escolar.
Experimentos realizados com animais sugerem que uma ligeira anormalidade da fase "fidgety" se associa com uma disfunção no sistema monoaminérgico, o qual explicaria sua relação com problemas de atenção. Estas disfunções monoaminérgicas poderiam ser conseqüentes a pequenas hipóxias (falta de oxigênio) precoces, incluindo no momento do parto.
As implicações clínicas dessas investigações são muito interessantes: um menino com uma fase "fidgety" meio anormal, por exemplo, estaria predisposto a desenvolver um transtorno neurológico menor, um Transtorno de Déficit de Atenção por Hiperatividade e agressividade, sempre e quando haja condições ambientais adversas suficientes.