A Pessoa e o temperamento.
Os aspectos próprios da criança são basicamente o temperamento (e caráter), as diferenças de sexo e as condições neurológico-cognitivas.Tradicionalmente se observa que as crianças agressivas costumam ter algum traço difícil na personalidade. Tal observação tem se traduzido, popularmente, por termos como personalidade forte, genioso, temperamental ou coisas assim. Esses adjetivos podem dissimular (demagogicamente) a opinião dos pais e dos avós sobre essas crianças, tentando minimizar alguma coisa que eles vêem (intimamente) como eventualmente problemática.
Considerando tipos de temperamento tais como, simplesmente, ativo, variável e tímido, vamos observar que os temperamentos ativo e variável se correlacionam mais positivamente com agressividade em meninas. Em meninos as correlações hostilidade-temperamento são mais significativas entre os meninos do tipo ativo (Hinde, Tamplim e Barrett, 1993).
Certos aspectos de dificuldade no controle emocional, assim como algumas outras características temperamentais observadas ainda em bebês, são bons indicadores de conduta agressiva em idade pré-escolar e aos 8 anos.
As pessoas que trabalham em berçários de hospitais podem testemunhar as diferenças entre os bebês. Tem aqueles que choram mais, gritam, resmungam, dormem mais, ficam quietos, agitados, etc. Essas diferenças falam a favor de força do temperamento e da constituição na maneira do ser se relacionar com o mundo.
O temperamento, responsável pela maneira como a pessoa se relaciona com a realidade, pode ser entendido como uma espécie de moderador das relações interpessoais das crianças com seus cuidadores. Através desse conceito, as crianças com um temperamento mais ativo, intenso, irritável, têm maior probabilidade de reagir de forma inapropriada ou exagerada diante de pequenas dificuldades.
Essas crianças, devido a sua conduta explosiva, tendem a criar estresse na relação com a mãe, e isso poderia fazer com que essas mães tendam a dificultar o contato com esses filhos, normalmente considerados "difíceis", e tendam a considerar a conduta dessas crianças como problemáticas. Essa dinâmica implicaria uma interação mãe-filho deficiente, a qual poderia ser o início do desenvolvimento de condutas agressivas (Pattersom, Dishiom e Reide, 1992).